A música mexe com as nossas emoções. Todos nós temos uma canção que ficou marcada na nossa história.
Com os idosos com Alzheimer não é diferente. É por isso que a musicoterapia tem um poder tão grande entre os pacientes. Mas como a Doença de Alzheimer é progressiva e irreversível, aos poucos a memória antiga também vai sendo prejudicada.
É aí que a música entra em jogo para controlar o avanço da perda de memória. Experiências têm demonstrado que os pacientes têm um novo ganho na qualidade de vida, disposição, melhora de humor e saúde com o uso da música entre as atividades de estimulação cognitiva.
Algumas experiências na Espanha e nos Estados Unidos já vinham utilizando a música no tratamento de idosos com a Doença de Alzheimer. No Brasil, a Universidade Federal da Paraíba adotou o projeto de extensão “Musicalmente” que reúne idosos com a enfermidade para sessões de musicoterapia.
Cada atividade é individual e baseada no repertório de cada paciente. Assim, os participantes relatam que conseguem amenizar os sintomas do Alzheimer. Inicialmente, os técnicos coletam os dados do paciente e analisam o estágio da doença. Os parentes são ouvidos para ajudar a produzir uma lista com as músicas mais significativas para o paciente.
A partir daí, as canções são trabalhadas de forma a estimular a memória por meio do vínculo musical. Os ganhos do tratamento são evidentes, segundo os profissionais. Os idosos passam a ter maior facilidade de localização espacial e temporal, além de reduzir sintomas de depressão e ansiedade. Na nossa saúde e bem-estar, a música nos transporta para uma nova condição. Se quando estamos sadios, ela já tem esse poder, imagine então quando ela é usada como coadjuvante no tratamento de uma enfermidade.
Um artigo científico publicado na revista Columbia Magazine com o título em inglês “Music Physically Considered” já demonstrava no ano de 1789 que a música tinha efeitos terapêuticos. Afinal, a melodia tem o poder de impactar nos processos psicológicos e fisiológicos e, assim, agir em determinadas áreas do cérebro. Veja alguns dos seus atributos:
- Efeitos nas áreas biológica, intelectual, espiritual e social;
- Age no sistema nervoso, circulatório, respiratório e digestivo.
Em se tratando de pacientes com Mal de Alzheimer, o uso estratégico da música é capaz de impactar positivamente no indivíduo. Isso porque embora a doença afete a memória, a percepção e a sensibilidade para a melodia podem permanecer por muito mais tempo.
Portanto, os pacientes que passam por esse tipo de tratamento remetem-se a lembranças antigas da vida pessoal e familiar. Muitos conseguem se lembrar dos amigos da juventude, do primeiro beijo, do abraço dos pais, entre outras emoções que podem ser resgatadas através de uma simples canção.
Com isso, a música exerce uma grande influência sobre as pessoas. E, por isso, a musicoterapia aplicada em idosos com Alzheimer beneficia tanto o paciente quanto o cuidador (se este for alguém da família), pois proporciona o resgate de momentos prazerosos entre eles.
Sabendo da importância da música no controle do avanço progressivo do Alzheimer, a Casa Serena Idade, inseriu a musicoterapia nas atividades desenvolvidas em grupo com os residentes.
Portanto, além das canções trabalhadas nas nossas confraternizações, temos sessões de serestas com melodias que fizeram parte da juventude dos residentes. Assim, muitos aproveitam para dançar e se divertir, dividindo momentos especiais com os amigos.